segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Sylvia Moretzsohn e Cid Benjamin abrem evento com homenagem à Chapecoense e críticas ao governo

Por Renata Amaral
Fotos de Mari Chamon  


 Cid Benjamin e Sylvia Moretzsohn na mesa de abertur
O dia não era dos melhores. O desastre com o vôo da Lamia que levava o time da Chapecoense para a final da Copa Sulamericana, na noite do dia anterior, havia mexido com o coração de todos: dos amantes de futebol, a quem nunca chutou uma bola. Setenta e um mortos. A primeira mesa do Controversas, na terça-feira, 29 de novembro, contava justamente com dois apaixonados por esporte. Por conta da tragédia, um deles, o jornalista Caio Barbosa, do jornal O Dia, teve de cancelar sua participação às pressas. A professora Sylvia Moretzsohn, que trabalhou na editoria esportiva durante anos, era a mediadora do debate sobre a cobertura do Impeachment, e aproveitou para abrir o evento com uma homenagem ao time de Chapecó. A professora da leu uma série de textos de apoio divulgados no Facebook antes de passar a palavra ao convidado Cid Benjamim. Mas nem toda a comoção seria capaz de conter a língua afiada da professora quando o assunto é o governo: ela não demorou a dar início às críticas à política nacional. 

 Definindo a si mesmo como “uma pessoa de esquerda que quer aprofundar a democracia”, o jornalista Cid Benjamin não hesitou em fazer comparações entre a atual situação política e a da época de ditadura militar, quando chegou a ser preso e exilado.  “(Na época da ditadura) Muitas vezes não se fazia o lead pela crítica direta ao governo. Fazia pela resposta à crítica. Nos últimos tempos, temos visto uma chuva de manipulações, mas estas se dão não mais pela censura, mas pela edição”, disse Cid.

Diante da Sala InterArtes lotada por alunos de Jornalismo da UFF, o jornalista disse que as forças envolvidas nos debates ainda são desiguais.  Enquanto alguns, como ele, têm o poder de falar para centenas pessoas esclarecidas e dispostas a ouvir, outros, como o apresentador William Bonner, discursam diariamente na televisão para mais de 60 milhões de brasileiros. O jornalista não teve papas na língua ao fazer críticas ao governo de Michel Temer: “O programa que o PMDB chama de Ponte para o Futuro é, na verdade, um trem bala para o passado!”, disparou.

Plateia assiste com interesse o bate-papo
Depois de abordar o papel exercido pela mídia durante o golpe, Cid Benjamin abriu uma nova frente de debate: a conversão da TV analógica para a digital. A mudança de tecnologia abre novas possibilidades de concessões para canais abertos. Para ele, este será o momento exato de criar uma nova frente midiática para contestar e confrontar os grandes monopólios do setor. Para ele, trata-se de uma tarefa absolutamente importante. "Talvez a mais importante em efeitos imediatos”, afirmou. 

Cid Benjamin entrou na questão após abordar a força de poucas famílias no comando da mídia. O convidado foi bastante enfático quanto ao monopólio midiático brasileiro: “É uma máquina de fazer cabeça. De fortalecer uma cabeça política!”.


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“Se você é inteligente, não vai ser de direita”, polemiza André Dahmer


Por Renata Amaral
Fotos de Tatiana Carvalho


 André Dahmer, polêmico como suas tirinhas
A terceira mesa do Controversas t foi marcada por críticas à imprensa, conversas descontraídas e conselhos aos estudantes. Os professores Ildo Nascimento e Clarissa Gonzalez, do curso de Comunicação/Jornalismo da UFF, mediaram um debate instigante e politicamente incorreto entre o desenhista André Dahmer e o cartunista Renato Aroeira sobre as imagens produzidas na cobertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff. 


Nem Dahmer, que publica na Folha de S. Paulo, nem Aroeira,  atualmente no jornal O Dia, escondem o posicionamento contrário ao atual governo e à manobra política que tirou a presidente Dilma do poder. E ambos se ressentem do fato de a imprensa ter, majoritariamente, apoiado essa manobra.  

Para Aroeira, as agendas dos veículos interferem
“Por que não existem cartunistas de direita? Porque é preciso inteligência para trabalhar com isso. E se você é inteligente, você não vai ser de direita”, disparou, sarcástico, André Dahmer  autor da tirinha Malvados.   

Os mediadores Clarissa Gonzales e Ildo Nascimento
“Está ficando cada dia mais difícil trabalhar em jornal grande. Porque todo jornal tem dono, e todo dono tem agenda. E essas agendas modificam as pautas”, analisou Aroeira. 

Dahmer assegurou, contudo, que nunca foi pautado pelos veículos em que trabalhou.  “Nunca fui pautado, tampouco censurado". Mesmo assim, na opinião dele nunca foi tão difícil ser jornalista no Brasil.  

Os convidados aproveitaram para convocar os estudantes presentes na Sala Interartes da UFF. Para eles, está na hora dos futuros jornalistas se unirem para realizar uma frente contra as forças conservadoras que assolam o país. Para Dahmer, a ideia é fazer um jornal de resistência, assim como o Pasquim, na época da ditadura. “Gostaria muito que a gente conseguisse barrar esse maldito golpe”, concluiu Aroeira. 




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“Legado da Exclusão” é a vencedora do IV Prêmio Controversas

Por Rafael Trovó 
Foto de Mari Chamon


Bárbara Queiroz recebeu o prêmio de Larissa Morais
A matéria “Legado da Exclusão”,  sobre as remoções de moradores para a realização de obras das Olimpíadas Rio 2016, foi a vencedora da quarta edição do Prêmio Controversas, dedicado à produção jornalística dos alunos de Jornalismo e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF). "O primeiro prêmio a gente não esquece, comemora muito e a ficha não cai!", disse Bárbara Queiroz, aluna do 4º período de Jornalismo, que assina a matéria vencedora. "Agradeço de modo especial ao professor Marcio Castilho pela orientação e à comunidade da Vila Autódromo. A Vila Resiste! E essa reportagem fala disso”, complementou. A alegria de Bárbara e dos outros vencedores deram o tom à cerimônia de premiação que aconteceu no dia 30 de novembro durante o XII Controversas: A cobertura do impeachment - a imprensa cumpriu seu papel?, no Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) da UFF.  
Camila Alcântara, com André Coelho: terceiro lugar 
Essa edição inovou e trouxe um prêmio multicategoria, que incluiu reportagens para veículo impresso, online, rádio e TV. Para a professora Larissa Morais, do Departamento de Comunicação Social da UFF, que coordena o projeto do prêmio, a mudança acompanha a tendência do mercado de trabalho, que exige cada vez mais do jornalista a capacidade de produzir para diferentes mídias. O segundo lugar do Prêmio Controversas foi para a matéria “Notícias Falsas”, de Lucas Alves e Bruno Mouro, que abordou os boatos disseminados na internet que ganham relevância nos grandes veículos. O impacto do crime ambiental de Mariana na cidade de Governador Valadares foi o tema de “Governador Valadares: Reflexos de um Rio Morto”, de Camilla Alcântara, que ficou com o terceiro lugar. 
Em razão dos muitos elogios feitos pelo júri, a organização decidiu conceder uma menção honrosa à reportagem “Precisamos falar sobre o suicídio”, de Renan Castelo Branco.  O júri multidisciplinar foi composto por profissionais experientes de algumas das principais empresas de comunicação do Rio, como o jornal Extra e as rádios CBN e Sulamérica Paradiso. Os jurados foram Renata Batista, Luã Marinatto, Nelson Lima Neto, Che Oliveira e Gustavo Cunha, além de André Coelho, Mário Cajé e Manu Mayrink, que entregaram os troféus aos vencedores. Além disso, o segundo e terceiro lugares ganharam livros, enquanto o  primeiro lugar levou um vale-presente de R$200,00. 
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O Controversas é um seminário organizado por professores e alunos do Departamento de Comunicação Social da UFF desde 2010. O tema desta edição, em 29 e 30 de novembro de 2016, é cobertura do impeachment. O evento acontece na sala InterArtes do Iacs/UFF.

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