segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O fotojornalista Lula Marques compara cobertura do impeachment e da PEC 241


Por Tatiana de Carvalho


Lula Marques, com foto famosa de Hugo Chávez
A cobertura permanece na editoria que se encontrou - a política. A credencial como fotojornalista no Congresso Nacional de mais de três décadas não o impediu de ser preso em 2015 por questionar o motivo do impedimento da entrada de jornalistas no plenário naquele 1º de dezembro. As discussões sobre o impeachment na época já estavam em alta. Inclusive, Lula apontou em entrevista à Revista Fórum a diferenciação de tratamento entre a presidente Dilma Rouseff e outros políticos. Segundo o jornalista, faixas e manifestantes contra Dilma eram permitidos; a favor, não. 

Essa não foi a única vez que Marques se declarou do comportamento da imprensa. No dia 8 de setembro, o brasiliense divulgou em seu Facebook uma nota sobre a manipulação da mídia na cobertura do impeachment. As duas primeiras frases do texto já apontavam o seu conteúdo: “Os coleguinhas fotógrafos não querem ser chamados de golpistas. São golpistas sim e agora aguentem as consequências!”.  

Uma das unidades ocupadas como forma de protesto à PEC 241 – que passou a tramitar no Senado como PEC 55 – é o Instituto de Artes e Comunicação Social, onde acontece a 12ª edição do Controversas. Inclusive, o seminário deixou de ser um evento regular do semestre para tornar-se uma atividade de ocupação. Lula Marques ficou animado com a notícia. “Muito interessante envolver os manifestantes num evento importante como esse. Seria um aulão de jornalismo e fotojornalismo. Os estudantes são a única esperança de barrar a PEC e a MP que muda o Ensino Médio”, comentou. 

O fotojornalista Lula Marques é desses que teve a vida como escola. Ingressou no Correio Braziliense aos 14 anos e foi no jornal que aprendeu cada etapa do fotojornalismo - do disparar do botão da câmera até a revelação da foto. Começou como repórter fotográfico no diário da capital federal em 1976. Passou pelas editorias de Cidade, Polícia e Cultura, mas foi na cobertura política que se encontrou. Em 1987, mudou-se para a Folha de São Paulo, sem deixar a cidade natal. Trabalhou na sucursal de Brasília por 26 anos - 19 deles como coordenador de fotografia de sua filial. Foi demitido em 2013 como forma de corte de gastos. Hoje, trabalha de forma independente com uma empresa de comunicação que leva seu nome. 

Com o impeachment aprovado, Michel Temer assumiu a presidência e as discussões voltaram-se para os projetos do atual governo. Atualmente, a PEC do Teto dos Gastos Públicos é o centro das discussões. Segundo Lula, a cobertura da mídia nesse momento é semelhante à da época do impeachment. “A grande mídia continua no seu papel de apoiar o governo golpista e não divulgar nada que seja contra a PEC, como fez no impeachment. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) negociou com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e apresentou um texto substitutivo à PEC 55. Nada saiu na mídia. Além disso, as manifestações contra a PEC e as ocupações das escolas e universidades não são pauta”, declarou. 

O fotojornalista é um dos convidados do seminário, que debate a cobertura midiática sobre o impeachment. Ele participa da segunda mesa, denominada “Imagens do Golpe”. O evento acontece nos dias 28 e 29 de novembro, de 16h às 21h30.




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O Controversas é um seminário organizado por professores e alunos do Departamento de Comunicação Social da UFF desde 2010. O tema desta edição, em 29 e 30 de novembro de 2016, é cobertura do impeachment. O evento acontece na sala InterArtes do Iacs/UFF.

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